Biografia de Sophia
de Mello Breyner Andresen
Sophia de Mello
Breyner Andresen (1919-2004) foi uma das mais importantes poetisas portuguesas
contemporâneas.
Primeira mulher a
receber o Prêmio Camões, o maior prêmio literário da língua portuguesa. Sophia nasceu
na cidade do Porto, Portugal, em 6 de novembro de 1919. De família
aristocrática, era filha de João Herique Andresen e Maria Amélia de Mello
Breyner e neta do proprietário da Quinta do Campo Alegre, hoje Jardim Botânico
do Porto. Sua mãe era neta do Conde Henrique de Burnay e filha do Conde de
Mafra. Estudou Filosofia Clássica na Universidade de Lisboa, entre 1936 e 1939,
sem concluir o curso, participou de movimentos universitários.
Em 1940 publicou seus primeiros versos nos “Cadernos de Poesia”.
A partir de 1944 se dedicou à literatura,
nesse mesmo ano escreveu diversas poesias como, “O Jardim e a Casa”, “Casa
Branca”, “O Jardim Perdido” e “Jardim e a Noite”, obras que recordam sua infância
e juventude. Em 1946, Sophia casou com o jornalista, advogado e político
Francisco Souza Tavares e muda-se par Lisboa. O casal teve cinco filhos, que a
motivaram a escrever contos infantis, entre eles, “A Menina do Mar” (1961) e “A
Fada Oriana” (1964). Nesse mesmo ano recebeu o Prêmio de Poesia da Sociedade
Portuguesa de Escritores pela obra “Livro Sexto” (1962).
Sophia participou
ativamente da oposição ao Estado Novo. Foi candidata pela oposição Democrática
nas eleições legislativas de 1968 e foi sócia fundadora da Comissão Nacional de
Socorro aos Presos Políticos. Após a Revolução de abril de 1974 foi candidata à
Assembleia Constituinte pelo Partido Socialista em 1975.
Foi contemporânea
dos poetas Eugênio de Andrade, Jorge de Sena, entre outros. Sua obra soa muitas
vezes como uma voz de liberdade. Denota também uma sólida cultura clássica,
onde se observa sua paixão pela cultura grega. Alguns temas são constantes em
suas obras, como a “natureza”, “a cidade”, “o tempo” e “o mar”. Sua importante
obra para crianças tornou-se um clássico da literatura infantil em Portugal,
marcando várias gerações.
Autora de diversos livros de poesia,
Sophia também escreveu contos, artigos, ensaios e peça teatral. Traduziu para o
português as obras de Eurípedes, Shakespeare, Dante e Claudel. Para o francês,
traduziu Camões, Mário Sá-Carneiro, Cesário Verde, Fernando Pessoa, entre
outros.
Sophia de Mello
Breyner recebeu diversos prêmios e honrarias, entre eles, o título Honoris
Causa, em 1998, pela Universidade de Aveiro, o Prêmio Camões (1999), o Prêmio
de Poesia Max Jacob (2001) e o Prêmio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana em
2003.
Sophia de Mello Breyner Andresen
faleceu em Lisboa, no dia 2 de julho de 2004. Desde 2005 seus poemas foram
colocados em exposição permanente no Oceanário de Lisboa.
Vejamos alguns poemas da autora:
Mar
Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.
E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.
25 de Abril
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Mar
Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.
E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.
25 de Abril
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Hora
Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta --- por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.
Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.
E dormem mil gestos nos meus dedos.
Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.
Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.
E de novo caminho para o mar.
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta --- por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.
Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.
E dormem mil gestos nos meus dedos.
Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.
Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.
E de novo caminho para o mar.
Fontes: https://www.ebiografia.com/
http://www.escritas.org/pt/
http://www.escritas.org/pt/
Publicado por: Luara Vasconcelos
Coloque alguns poemas da autora, Luara.
ResponderExcluirok =)
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