Por meio da pesquisa TIC Educação, realizada anualmente,
desde 2010, pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade
da Informação (Cetic.br), objetivando identificar os usos e apropriações
tecnológicas e pedagógicas das TIC o panorama atual das TIC nas escolas brasileiras
pode ser conhecido, com abrangência de todas as regiões representativas do
Brasil. Este texto destaca os resultados da pesquisa sobre os usos pedagógicos
das TIC em escolas públicas, uma vez que entre os 190.706 estabelecimentos de
educação básica do país, com 50.042.448 matrículas, 82,8% destas estão em escolas
públicas, conforme Censo Escolar 2013 (BRASIL, 2014).
A pesquisa TIC
Educação 2014, caracterizada como survey, envolveu amostra
composta por 1.486 escolas urbanas de educação básica, públicas e privadas,
onde entrevistou diretores, coordenadores pedagógicos, professores de Português
e de Matemática e alunos. Os dados aqui considerados se referem aos usos
pedagógicos das TIC pelos professores das escolas públicas (1.494) que
participaram da amostragem, entre as quais 98% possuem computador, instalado ou
não, e 92% destas têm acesso à Internet em algum espaço. Nota-se que 67% das
escolas públicas possuem conexão à Internet sem fio, mas segundo respostas de
81% dos diretores a baixa velocidade de conexão (inferior a 2 Mbps em 41% das
escolas) é fator restritivo para seu uso. Em 85% das escolas prepondera a
instalação de computadores em
laboratórios, na sala do diretor ou do coordenador pedagógico
(86%), seguida da sala dos professores (62%), da biblioteca ou sala de estudos
(40%) e na sala de aula (4%). Porém, 50% dos professores informaram levar o
computador portátil pessoal para uso na aula.
Esses resultados indicam dois
aspectos interessantes: primeiro que o poder público se encontra paralisado no
que se refere ao fomento ao acesso às TIC na escola e na sala de aula (dados de
2013 mostraram 6% de escolas públicas com computadores instalados na sala de
aula); segundo que o professor está trazendo para dentro da escola o instrumento
da cultura que faz parte de seu cotidiano para auxiliar no trabalho pedagógico.
Em relação às atividades pedagógicas que os professores informaram realizar
costumeiramente com seus alunos utilizando computador e Internet independente
do local, observa-se aumento acentuado em relação aos anos anteriores no que
tange aos elementos indicadores do trabalho com pedagogias ativas: produção de
materiais pelos alunos, como textos, maquetes, relatórios, etc.; elaboração de
planilhas e gráficos; trabalhos em grupos; uso de jogos educativos; pesquisa em
livros, revistas e Internet; realização de trabalhos sobre temas específicos.
Esses elementos sugerem uma tendência relacionada com características da
cultura digital de busca de informações em distintas fontes e autoria do aluno,
com uma possível abertura para o desenvolvimento de um currículo aberto aos
conhecimentos, valores e procedimentos criados na prática social pedagógica.
Em
contrapartida, continua alto o percentual de professores que ensinam sobre como
usar o computador e a Internet, indicando uma visão de currículo em que imperam
as aulas instrucionais e o currículo segue o roteiro preconizado,
desconsiderando os conhecimentos dos alunos relacionados à apropriação das TIC
ou que eles trazem sobre suas experiências de vida e que emergem na prática,
bem como as informações buscadas em diferentes fontes. Outro resultado
interessante se refere ao meio de acesso à Internet, em que 64% dos professores
(79% dos alunos) informam terem usado a Internet via celular nos últimos três
meses, resultados com forte crescimento em relação à pesquisa anterior do
Cetic.br (2014), quando tal uso era de 36% dos professores.
Evidencia-se assim um potencial a ser explorado com o uso pedagógico dos
telefones móveis, cabendo às escolas e principalmente às redes de ensino prover
a conexão em banda larga, conforme preconiza o Programa Banda Larga nas
Escolas. Devido à dispersão que esse recurso causa aos alunos, ele permanece
censurado em muitas redes de ensino e escolas, mas seu uso é inerente à cultura
digital e para liberá-lo é importante que regras sejam acordadas coletivamente.
Desde 2013, o Cetic.br coleta informações sobre o uso de Recursos Educacionais
Abertos (REA), mostrando forte adesão dos professores da escola pública (96%) a
conteúdos digitais para planejar as aulas e usá-lo na prática pedagógica, com
destaque para o uso de: imagens, questões de avaliação, textos, vídeos,
videoaulas, listas de leituras, apresentações temáticas, programas/software,
jogos e outros. Percentual considerável desses professores (86%) informa
alterar conteúdos originais desses recursos, indicando também a autoria do
professor na forma de remix, o que se coaduna com atividades abertas à autoria
do aluno.
Os aspectos que movem o professor para a adoção de
recursos digitais dizem respeito, sobretudo, à motivação pessoal (92%) e
demanda ou necessidade dos alunos (66%), com baixo índice para incentivo dos
órgãos públicos e projeto político-pedagógico da escola, sugerindo uma identificação do professor mais próxima da
cultura digital com a qual convive no cotidiano do que com as políticas
educativas. Esse indício se fortalece pelas formas de aprendizado para uso do
computador e da Internet buscadas pelo professor, com destaque para: sozinho
(67%) e fez um curso específico (57%); entre estes que fizeram um curso, 74%
pagaram com seus próprios recursos, 29% fizeram curso oferecido pela rede de
ensino e 18%, pela própria escola. Isso indica que a imersão do professor na
cultura digital prevalece sobre as políticas públicas relacionadas com as TIC
na educação, reforçando a necessidade de outras políticas para a formação
continuada de professores para uso pedagógico das TIC e empenho para iniciativas
de formação inicial.
O uso pedagógico das TIC exige a apropriação pedagógica
dessas tecnologias, aspectos não tratados em cursos voltados ao domínio
instrumental. Em suma, os resultados da pesquisa TIC Educação mostram avanços na fluência tecnológica dos professores e sua inserção na
cultura digital, porém há uma estagnação em relação ao provimento de recursos
tecnológicos nas escolas e, sobretudo, de conexão banda larga à Internet.
Faz-se necessário priorizar investimentos na formação de professores voltada ao
desenvolvimento de competências pedagógicas de uso das TIC, esforços na integração entre as
tecnologias.
Fonte: http://www.cetic.br/
Publicado por: Luara Vasconcelos
Realmente, o uso das TIC's é notável, de alguns anos para cá. Na escola, recebíamos um bilhete no caderno para mostrar aos pais, agora os pais recebem o comunicado por email; antes era necessário ir até a escola retirar o boletim do semestre, agora também é possível fazer isto online. Rematrículas da faculdade, videoaulas, cada vez mais vemos o quanto as tecnologias influenciam, principalmente, em nossa educação.
ResponderExcluirComentado por: Gabriela Gandhi