terça-feira, 9 de maio de 2017


 UTILIZAÇÃO DE TICS EM ESCOLAS BRASILEIRAS



Por meio da pesquisa TIC Educação, realizada anualmente, desde 2010, pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), objetivando identificar os usos e apropriações tecnológicas e pedagógicas das TIC o panorama atual das TIC nas escolas brasileiras pode ser conhecido, com abrangência de todas as regiões representativas do Brasil. Este texto destaca os resultados da pesquisa sobre os usos pedagógicos das TIC em escolas públicas, uma vez que entre os 190.706 estabelecimentos de educação básica do país, com 50.042.448 matrículas, 82,8% destas estão em escolas públicas, conforme Censo Escolar 2013 (BRASIL, 2014). 


A pesquisa TIC Educação 2014, caracterizada como survey, envolveu amostra composta por 1.486 escolas urbanas de educação básica, públicas e privadas, onde entrevistou diretores, coordenadores pedagógicos, professores de Português e de Matemática e alunos. Os dados aqui considerados se referem aos usos pedagógicos das TIC pelos professores das escolas públicas (1.494) que participaram da amostragem, entre as quais 98% possuem computador, instalado ou não, e 92% destas têm acesso à Internet em algum espaço. Nota-se que 67% das escolas públicas possuem conexão à Internet sem fio, mas segundo respostas de 81% dos diretores a baixa velocidade de conexão (inferior a 2 Mbps em 41% das escolas) é fator restritivo para seu uso. Em 85% das escolas prepondera a instalação de computadores em laboratórios, na sala do diretor ou do coordenador pedagógico (86%), seguida da sala dos professores (62%), da biblioteca ou sala de estudos (40%) e na sala de aula (4%). Porém, 50% dos professores informaram levar o computador portátil pessoal para uso na aula. 
Esses resultados indicam dois aspectos interessantes: primeiro que o poder público se encontra paralisado no que se refere ao fomento ao acesso às TIC na escola e na sala de aula (dados de 2013 mostraram 6% de escolas públicas com computadores instalados na sala de aula); segundo que o professor está trazendo para dentro da escola o instrumento da cultura que faz parte de seu cotidiano para auxiliar no trabalho pedagógico.


Em relação às atividades pedagógicas que os professores informaram realizar costumeiramente com seus alunos utilizando computador e Internet independente do local, observa-se aumento acentuado em relação aos anos anteriores no que tange aos elementos indicadores do trabalho com pedagogias ativas: produção de materiais pelos alunos, como textos, maquetes, relatórios, etc.; elaboração de planilhas e gráficos; trabalhos em grupos; uso de jogos educativos; pesquisa em livros, revistas e Internet; realização de trabalhos sobre temas específicos. Esses elementos sugerem uma tendência relacionada com características da cultura digital de busca de informações em distintas fontes e autoria do aluno, com uma possível abertura para o desenvolvimento de um currículo aberto aos conhecimentos, valores e procedimentos criados na prática social pedagógica. 


Em contrapartida, continua alto o percentual de professores que ensinam sobre como usar o computador e a Internet, indicando uma visão de currículo em que imperam as aulas instrucionais e o currículo segue o roteiro preconizado, desconsiderando os conhecimentos dos alunos relacionados à apropriação das TIC ou que eles trazem sobre suas experiências de vida e que emergem na prática, bem como as informações buscadas em diferentes fontes. Outro resultado interessante se refere ao meio de acesso à Internet, em que 64% dos professores (79% dos alunos) informam terem usado a Internet via celular nos últimos três meses, resultados com forte crescimento em relação à pesquisa anterior do Cetic.br (2014), quando tal uso era de 36% dos professores. Evidencia-se assim um potencial a ser explorado com o uso pedagógico dos telefones móveis, cabendo às escolas e principalmente às redes de ensino prover a conexão em banda larga, conforme preconiza o Programa Banda Larga nas Escolas. Devido à dispersão que esse recurso causa aos alunos, ele permanece censurado em muitas redes de ensino e escolas, mas seu uso é inerente à cultura digital e para liberá-lo é importante que regras sejam acordadas coletivamente. 

Desde 2013, o Cetic.br coleta informações sobre o uso de Recursos Educacionais Abertos (REA), mostrando forte adesão dos professores da escola pública (96%) a conteúdos digitais para planejar as aulas e usá-lo na prática pedagógica, com destaque para o uso de: imagens, questões de avaliação, textos, vídeos, videoaulas, listas de leituras, apresentações temáticas, programas/software, jogos e outros. Percentual considerável desses professores (86%) informa alterar conteúdos originais desses recursos, indicando também a autoria do professor na forma de remix, o que se coaduna com atividades abertas à autoria do aluno.


Os aspectos que movem o professor para a adoção de recursos digitais dizem respeito, sobretudo, à motivação pessoal (92%) e demanda ou necessidade dos alunos (66%), com baixo índice para incentivo dos órgãos públicos e projeto político-pedagógico da escola, sugerindo uma identificação do professor mais próxima da cultura digital com a qual convive no cotidiano do que com as políticas educativas. Esse indício se fortalece pelas formas de aprendizado para uso do computador e da Internet buscadas pelo professor, com destaque para: sozinho (67%) e fez um curso específico (57%); entre estes que fizeram um curso, 74% pagaram com seus próprios recursos, 29% fizeram curso oferecido pela rede de ensino e 18%, pela própria escola. Isso indica que a imersão do professor na cultura digital prevalece sobre as políticas públicas relacionadas com as TIC na educação, reforçando a necessidade de outras políticas para a formação continuada de professores para uso pedagógico das TIC e empenho para iniciativas de formação inicial. 


O uso pedagógico das TIC exige a apropriação pedagógica dessas tecnologias, aspectos não tratados em cursos voltados ao domínio instrumental. Em suma, os resultados da pesquisa TIC Educação  mostram avanços na fluência tecnológica dos professores e sua inserção na cultura digital, porém há uma estagnação em relação ao provimento de recursos tecnológicos nas escolas e, sobretudo, de conexão banda larga à Internet. Faz-se necessário priorizar investimentos na formação de professores voltada ao desenvolvimento de competências pedagógicas de uso das TIC, esforços na integração entre as tecnologias.








Fonte: http://www.cetic.br/

Publicado por: Luara Vasconcelos 


Um comentário:

  1. Realmente, o uso das TIC's é notável, de alguns anos para cá. Na escola, recebíamos um bilhete no caderno para mostrar aos pais, agora os pais recebem o comunicado por email; antes era necessário ir até a escola retirar o boletim do semestre, agora também é possível fazer isto online. Rematrículas da faculdade, videoaulas, cada vez mais vemos o quanto as tecnologias influenciam, principalmente, em nossa educação.

    Comentado por: Gabriela Gandhi

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