Natural do Porto, Ana Hatherly (1929-2015), licenciada em Filologia Germânica pela Universidade Clássica de Lisboa, diplomada em técnicas cinematográficas pela International London Film School e doutorada em Estudos Hispânicos do Século de Ouro pela Universidade da Califórnia, em Berkeley. Entre 1981 e 1999, foi professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. A sua vasta obra inclui poesia, ficção, ensaio, tradução, performance, cinema e artes plásticas, estando representada no Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian e no Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Dirigiu as revistas Claro-Escuro (1988-1991) e Incidências (1997-1999). Parte do seu espólio encontra-se depositado no Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea da Biblioteca Nacional. Ana Hatherly integrou o grupo da revista Poesia Experimental (1964, 1966), sendo autora ou co-autora de alguns dos textos programáticos do movimento. A sua obra evidencia a assimilação do experimentalismo internacional característico da década de 1960, designadamente através da espacialização da palavra e da exploração caligráfica da relação entre desenho e escrita, mas também uma grande versatilidade de gêneros, formas e estilos. Uma intensa auto-reflexividade é visível em ciclos de permutações paródicas, no desenvolvimento de formas como o poema-ensaio e a micro-narrativa, e na desconstrução de uma subjetividade feminizada. A atenção à dimensão plástica e gestual da escrita está patente quer em séries recolhidas em livro, quer nos desenhos e (des)colagens, quer ainda nos filmes e ações poéticas que realizou. A sua investigação acadêmica contribuiu decisivamente para uma revisão da leitura da poesia barroca em Portugal e para o conhecimento da história da poesia visual.
POESIA
- Um Ritmo Perdido. Lisboa: Ed. Aut. (1958)
- As Aparências. Lisboa: Sociedade de Expansão Cultural (1959)
- A Dama e o Cavaleiro. Lisboa: Guimarães Editores (1960)
- Sigma. Lisboa: Ed. Aut. (1965)
- Estruturas Poéticas - Operação 2. Lisboa: Ed. Aut. (1967)
- Eros Frenético. Lisboa: Moraes Editores (1968)
- 39 Tisanas. Porto: Coleção Gêmeos, (1969)
- Anagramático. Lisboa: Moraes Editores (1970)
- 63 Tisanas: (40-102). Lisboa: Moraes Editores (1973)
- Poesia: 1958-1978. Prefácio de Lúcia Helena da Silva Pereira - Lisboa: Moraes Editores (1980)
- Ana Viva e Plurilida. in Joyciana (ob. colec.), Lisboa: &etc. (1982)
- O Cisne Intacto. Porto: Limiar (1983)
- A Cidade das Palavras. Lisboa: Quetzal (1988)
- Volúpsia. Lisboa: Quimera (1994)
- 351 Tisanas. Lisboa: Quimera (1997)
- Rilkeana. Apresentação de João Barrento e Elfriede Engelmayer - Lisboa: Assírio & Alvim (Prêmio de Poesia do PEN Clube Português) (1999)
- Um Calculador de Improbabilidades. Lisboa: Quimera (2001)
- O Pavão Negro. Prefácios da Autora e de Paulo Cunha e Silva, Lisboa: Assírio & Alvim (Prêmio de Consagração da Associação Portuguesa de Críticos Literários) (2003)
- Itinerários. Vila Nova de Famalicão: Edições Quasi (2003)
- Fibrilações. Edição bilingue. Tradução para castelhano de Perfecto E. Cuadrado, Lisboa: Quimera (2005)
- A Idade da Escrita e outros poemas. Antologia com org. e pról. de Floriano Martins, São Paulo: Escrituras (2005)
- 463 Tisanas. Prefácio da Autora, Lisboa: Quimera (2006)
- A Neo-Penélope &etc. Lisboa. (2007)
Uma de suas obras mais recentes
O livro A Neo-Penélope (2007), sua última obra de poesias até então
publicadas, a autora subverte com a Odisséia de Homero, de forma que ela mesma
se coloca no lugar da personagem Penélope, que não mais espera por Ulisses, mas
que persiste na busca pela concretização amorosa.
A NÉO-PENÉLOPE
Não tece a tela
Não fia o fio
Não espera
Por nenhum Ulisses
Às portas do sangue
O herói adormecido
Agora está deitado
Ao Polifemo abraçado
Seu próprio satélite forçado
Há um intervalo nímio
Nas coisas
Que entre si independem
(HATHERLY, 2007, p. 15)
Postado por: Juliana Gonçalves Cristino
Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ana_Hatherly#Poesia
http://desenredos.dominiotemporario.com/doc/24-Artigo-Matheus-Hartely.pdf
http://www.galeriasete.com/artistas/ana-hatherly
Encontrei um texto da revista que fazia parte deste projeto Poesia Experimental, o texto é de 1977 e foi feito exclusivamente para a 14ª Bienal de São Paulo. Achei bem interessante.
ResponderExcluirhttp://www.po-ex.net/images/stories/textoscolectivos/emmc_poexttdpep_p9-15_26-27_258_apoesiaexperimentalportuguesa.pdf
Comentário de: Gabriela Gandhi